Cabôco Mané Lourenço, Meu colega e meu amigo Que pensa aquilo que eu penso E diz aquilo que eu digo, Nós somos da mesma laia Dos coitados que trabaia Ou na diara ou na meia Nós pertence a mesma crasse Destas criança que nasce Inriba da terra alheia. |
Era só o que fartava, Deus fez a terra pra gente Prantá feijão, mio e fava, Arroz e toda semente, E estes latifundiaro Egoísta e uzuraro Sem que nem pra que se apossa, E nós neste cativêro Sendo agregado e rendero Da mesma terra que é nossa. |
Amigo, o que você pensa, Onde a chente vai chegá Com esta grande sentença Sem terra para trabaiá? Quem presta atenção descobre Que o sacrifício do pobre É de arrupiá o cabelo, Derne o campo até a praça Quanto mais dia se passa Mais omenta o desmantêlo. |
Ninguém vê ninguém repara Nosso grande padicê Por isso a Reforma Agrara Nós mesmo vamos fazê, Nós todos juntos, os em terra, Por vale sertão e serra Promovendo uma campanha Abalando toda gente, Ficando assim igualmente Furmiga quando se açanha. |
Ta tudo correndo istreito Quando um geme o outro chora, É preciso havê um jeito Pra vê se a coisa miora, Nós matuto brasilêro Vivendo no cativêro, As terra desta nação Pra todo lado se espande Dominada pelos grande E os pobres na sujeição |
E você, Mane Lorenço, Que tem a voz forte e grossa E pensa aquilo que eu penso Vai gritando: a terra é nossa! Leste, Oeste, Sul e Norte, Uvindo este grito forte Com corage se prepara E assim com esta união Sem precisá de lição Nós faz a Reforma Agrara (...) |
Responda:
1. Quais formas de trabalho na terra são citados no poema?
2. O que o poeta quer dizer com os versos:
“nós matuto brasilêro/vivemo no cativêro/ as terra desta nação/ pra todo lado se
espande/dominada pelos grandes/e os pobre na sujeição”?
3. Qual o significado de reforma agrária, na visão do poeta?
4. Os versos abaixo apresentam duas possibilidades de uso da terra. Indique qual
você acha mais justa e explique por quê.
Uso da terra 1 : “era só o que fartava,/Deus fez a terra pra
gente/prantá feijão, mio e fava,/ arroz e toda semente”