Galileu Galilei, diante do Tribunal da Inquisição afirmou que “a terra se move” renegando a teoria geocêntrica, de que o sol girava em torno da terra. A afirmação, que lhe valeu ser condenado pela Igreja Romana, a uma prisão domiciliar, nos seus últimos anos de vida, retrata o espírito da época.
A partir do século XI, o mundo se transformava graças a um conjunto de fatores:
a) econômicos com nova organização na produção (feudal), uso
de novas tecnologias, retomada do Mediterrâneo, restabelecimento do comércio com
o oriente, baseado na produção de tecidos e alimentos.
b) sociais, com o aparecimento de novas cidades, com uma
classe de comerciantes (burguesia) que passa a valorizar mais e mais os lucros.
c) a essas mudanças acrescentamos mudanças políticas, com a
contestação do poder da Igreja e a centralização do poder nas mãos dos reis,
consagrando o absolutismo monárquico;
É neste contesto que o Renascimento atinge o apogeu, e se é
mais exuberante nas cidades de Florença, Milão e Veneza, é porque o eixo
econômico do Mediterrâneo dispõe de uma atividade comercial mais lucrativa.
Ao romper com o monopólio cultural exercido pela Igreja
Romana, o Renascimento caracteriza-se como uma manifestação da cultura burguesa,
laica e racional. O homem do Renascimento caracterizou-se pelo individualismo,
por uma concepção antropocêntrica de mundo em oposição à concepção Teocentrica
(Deus como centro do mundo), pela volta aos clássicos grego-romanos, pela
divulgação da cultura burguesa através da imprensa e pela separação radical
entre política e Igreja.
A literatura do século XIV já anunciava a transição do
medieval para o moderno. Autores como Dante Alighieri (A Divina Comédia),
Bocácio (Decameron), Petrarca (O cancioneiro) escreveram suas obras na sua
própria língua, que foi uma das características do Renascimento. Outra
característica do Renascimento foi à volta aos clássicos grego-romanos. Em A
Divina Comédia, Virgilio, autor do clássico romano Eneida, conduz Dante ao
Purgatório e ao Inferno e, quando chega a hora de visitar o Paraíso, é a amada
Beatriz, quem o faz.
O Renascimento literário contou com grandes autores, o maior
deles, o inglês Willian Shakespeare (Hamlet, Romeu e Julieta, o Mercador de
Veneza, Henrique V, etc.), o português Luis de Camões (Os Lusíadas), o espanhol
Cervantes (Dom Quixote), o flamengo Erasmo (O Elogio da Loucura), etc..
A política como Ciência Moderna, é marcado pelo surgimento da
obra do florentino Nicolau Machiavelli (O Príncipe), que procurou sintetizar a
aspiração burguesa de um Estado unificado, com um poder político forte e liberto
da tutela da Igreja.
A filosofia do Renascimento questionou e rejeitou a
Escolástica (sistematizada por Thomas de Aquino, com base no pensamento de
Aristóteles) e, retoma o pensamento de Platão, como em Utopia, a obra maior de
Thomas Morus.
Giordano Bruno, ex-dominicano, criticou a concepção
aristotélica de um universo finito e limitado, defendendo, pelo contrário, a
idéia de um universo infinito, povoado por uma infinidade de mundos semelhantes
ao nosso, cheio de seres como nós. Antes, Galileu havia sido condenado a morte
na fogueira por heresia e, diante do seu pedido de perdão, a sentença foi
transformada em prisão domiciliar até a morte. Agora, a Inquisição acusou e
condenou a morte, Giordano Bruno, por heresia. Ele foi queimado, em Roma, em
1600. No entanto, é com pensadores como ele, que a ciência rompeu com os dogmas
religiosos e percorreu caminhos mais profícuos.
Destacamos ainda a filosofia de Thomas Morus (Utopia) onde o
autor destaca a crueldade da expulsão dos camponeses de suas terras e, o
processo de migração do camponês para a cidade, na Inglaterra. A filosofia de
Thomas Morus como a de Campanella, procura caminhos para superar o
individualismo que tomou conta do mundo moderno.
Se essas mudanças foram fundamentais para o surgimento do
mundo moderno,o Renascimento Artístico, foi a face mais brilhante do
Renascimento. Como já dissemos, a principio o Renascimento descobriu os
clássicos grego-romanos, desenvolvendo o naturalismo, re-descobre o corpo humano
como fonte de beleza e inspiração.
Florença transformou-se na capital do Renascimento. Sob a
proteção dos Médicis (mecenas, família rica que ajuda os artistas) floresceu
grandes pintores e escultores. Entre eles, Leonardo da Vinci, maior expressão do
Renascimento, com sua obra construída racionalmente, com o estudo da natureza,
das cores, destacando-se pelo realismo e abrangência.
Da Vinci iniciou-se em Florença, transferiu-se para Milão,
onde criou suas duas obras mais importantes: Monalisa (um rosto de mulher, está
no Louvre, em Paris) e a Santa Ceia, pintada na Capela de Santa Maria delle
Grazie. Michelangelo, protegido dos Médicis, como Da Vinci, transferiu-se para
Roma, onde junto com Rafael, sob a proteção do papa Julio II, participou da
construção da Basílica de São Pedro. Sua obra mais importante é a estátua de
Moisés, inteiramente nua, para muitos, mais próxima do Zeus grego do que do
patriarca do Velho Testamento.
Juntos, da Vinci, Rafael e Michelangelo compõem a faceta mais
esplendorosa do Renascimento italiano, embora pintores geniais pudessem ser
citados, como por exemplo, os venezianos Ticiano e Tintoretto, cuja obra, pela
riqueza e variedade de cores e dos jogos de luz e sombras fazem justiça a
opulência de Veneza, na região de Flandres, destacam-se Jan Van Eyck e Bosch.
Interpretando o texto
1.Quais as mudanças que ocorreram no início dos tempos modernos?
2.Como era o homem do Renascimento?
3.Qual a característica da literatura renascentista?
4.Qual o Estado descrito por Machiavelli em “O Príncipe”?
5.Como era a filosofia renascentista?
6.Explique o Renascimento artístico?