Às lutas políticas e religiosas na Inglaterra, durante os séculos XVI e XVII, marcam a origem do movimento migratório em direção a América. No início do século XII, quando os puritanos hostilizaram a política de James I (1603-1625) e, passaram a ser perseguidos e humilhados pela monarquia absolutista, muitos deixaram a Inglaterra e a Irlanda e, emigraram para a América.
Os combatentes na Inglaterra, católicos, anglicanos,
presbiterianos e puritanos, formam o contingente migratório que, apesar de
viverem em guerra na Europa, acabam construindo outra civilização na América, em
que as lutas religiosas ficam para trás.
A região temperada, que recebeu o nome de Nova Inglaterra,
foi o local para onde se dirigiram os imigrantes britânicos, fundando ali a
colônia de Massachussets, em 1620. A partir da Nova Inglaterra, iniciou-se a
colonização do que ficou conhecido com as 13 colônias americanas, e que foi a
origem da nação norte-americana, hoje EUA.
O processo de povoamento foi lento e desigual, o que ainda em
meados do século XVIII, impede-nos de pensar num todo, com características
homogêneas.
As relações das colônias americanas com a Metrópole
(Inglaterra) preservaram certa independência, mais de fato do que de direito.
Enquanto nas colônias do Norte seguiu-se uma exploração econômica que se baseou
na pequena propriedade agrícola, no trabalho livre e no artesanato urbano –
colonização de povoamento -, nas colônias do Sul, a colonização baseou-se na
grande propriedade, no trabalho escravo e no estreitamento das relações com a
Metrópole – colonização de exploração.
Com certa liberdade, as colônias do Norte aumentaram a
produção artesanal, principalmente da indústria ligada a pesca e a construção
naval. Rapidamente aproveitaram os excedentes, (manufaturas e alimentos) para
trocá-los com a América Central, onde se abasteciam de açúcar e de rum, que eram
trocados na África, que lhes forneciam escravos (destinados à América Central e
as colônias do Sul). Dando origem ao comércio triangular.
A guerra anglo-francesa travada em torno de territórios, na
América (1656-1663?) viria alterar essa quase independência das colônias
americanas. Os ingleses acreditavam que o custo da guerra, anglo-francesa
deveria ser repartido com os colonos americanos. Para isso procurou centralizar
a administração colonial e, iniciou um processo de endurecimento nas relações
econômicas, que na prática procurou eliminar a quase independência comercial da
colônia e enquadra-la no Pacto Colonial.
Entre as medidas (Leis Intoleráveis), adotadas pela Metrópole
estão: 1ª A declaração de 1763, que proibia a expansão da Colônia rumo ao Oeste;
2ª A lei do açúcar (1764) que elevava a taxa alfandegária sobre o açúcar que não
procedesse das Antilhas britânicas; 3ª a lei do selo (1765) determinava o uso do
selo em qualquer documento legal da Colônia (a lei foi revogada em função de
fortes manifestações contrárias, na colônia); 4ª a lei Towshend (1767), que
taxava alguns produtos de consumo colonial, com a intenção de evitar o comércio
intercolonial; e, 5ª a lei do Chá (1773), concedeu o monopólio da exploração do
chá a Cia. Das Índias Orientais, prejudicando os comerciantes locais.
Em Boston (Massachussets) constituiu-se um núcleo inicial de
resistência a essas medidas, que concentra tanta tensão, que se transforma numa
autoridade rival à da Metrópole e, a força a enviar a América, uma tropa
adicional, como reforço.
A tensão não reduzirá com o tempo, pelo contrário, incidentes
violentos de ruas faz com que a oposição se estenda a outras colônias, criando
uma resistência ao que consideram uma intervenção indevida da Metrópole, na vida
dos colonos.
Os acontecimentos se precipitam com a nova taxa sobre o chá,
de 1773 (na verdade, a concessão do monopólio a Cia das Índias Orientais). Em
todas as colônias houve manifestações contrárias à medida, mas é em Boston, que
as ações tornam-se efetivas, com parte da população, disfarçada de indígenas,
jogam 18 mil libras de chá ao mar (episódio conhecido como The Boston Tea Party,
ou Festa do Chá em Boston).
A Inglaterra exigirá o reembolso do chá, o julgamento dos
culpados na Metrópole, fechará o Porto de Boston. Medidas de força, inúteis,
porque Boston e as demais colônias tomam consciência de sua força e dos seus
interesses.
O conflito passa para as armas, e a 19 de abril de 1775, em
Lexington, é travada a primeira batalha. No início, o despreparo das forças
coloniais leva-as a várias derrotas, mas à medida que vão se reorganizando,
ajudadas pelos abusos das tropas inglesas diante dos colonos “independentes”,
surgirá à tomada de consciência, cada vez mais clara, de que os interesses dos
colonos americanos não são os mesmos que os metropolitanos, e, essa consciência
os levará à Declaração de Independência, a 04 de julho de 1776, verdadeiro ato
de nascimento dos Estados Unidos da América.
A independência americana deve ser vista como um longo
processo, onde o soldado inglês, tem pouco entusiasmo pela luta e, a própria
classe dominante britânica tem interesse num desfecho rápido da guerra, uma vez
que parte da classe dirigente não quer uma radicalização do conflito militar,
para não perder a simpatia que ainda tinha e não perder o comércio que mantinham
com a América do Norte.
A rendição britânica ocorreu após a derrota na batalha de
Yorktow, em 19 de outubro de 1781. O reconhecimento da Independência americana
se dá com o Tratado de Versalhes (1783), falta no entanto dar forma a esta
grande nação.
O ato inicial é a convocação de uma Convenção, responsável
pela elaboração da Constituição, cuja promulgação ocorreu em 17 de setembro de
1787. Na prática, a Constituição americana consagra as idéias iluministas, e
será lembrada como a primeira República moderna que soube eleger um Contrato
Social, que consentia aos contratantes a igualdade e a possibilidade de
expressarem-se com ampla liberdade.
Os homens que, primeiramente assumiram a tarefa de
transformar os atos constituintes em instrumentos concretos de vida cotidiana
são, em grande parte, os mesmos que, com armas e idéias, contribuíram para a
liberdade e identidade nacionais.
Um começo lento e difícil, mas lentamente os passos
programados são cumpridos. Inicia-se a expansão para o Continente (Meio-Oeste e
Oeste), com o espantoso genocídio das nações indígenas.
Uma terrível e velha contradição permaneceu a marcar a vida
americana: como conciliar os princípios democráticos de liberdade e igualdade
com a permanência de um grande número de escravos negros? Esta contradição
explodirá na guerra de Secessão (1861-1865), que foi uma espécie de encerramento
da revolução do século XVIII.
O fim da guerra, que propiciou a libertação dos escravos, não
resolveu os problemas da população negra americana, mas abriu caminho para que,
através de um processo dialético, longo e complicado, se buscasse o sentido de
nacionalidade americana. Esse processo dialético se manifesta, sobretudo,
através de uma extraordinária difusão da palavra, do debate, do confronto e
choque de idéias. A sede mais significativa deste processo será o Congresso,
mais ele se alimentará nas ruas, das idéias e dos interesses dos cidadãos
comuns.
Interpretando o texto
1ª Explique a origem dos primeiros núcleos de habitantes europeus na América do
Norte?
2ª Qual a organização econômica e social das colônias inglesas na América?
3º O que motivou as lutas pela Independência das colônias americanas (norte)?
4ª Qual a contradição que permaneceu na nova nação americana e como ela começou
a ser resolvida?
5º No filme, A Revolução Americana, parece que a “guerra” não é do personagem
principal. Como ele é envolvido na guerra e quais os valores que ele passa a
defender? Como poderíamos associar esses valores aos ideais iluministas? Esses
valores têm sentido no mundo moderno? Como?
6ª Faça uma leitura atenta do texto “O Iluminismo” e eleja algumas idéias que
deveriam estar na Constituição dos EUA.