A Revolução Industrial
    José Tadeu Cordeiro

Eric Hobsbaw, historiador inglês, diz que A Revolução Industrial explodiu a certa altura, mais ou menos 1780, quando o poder produtivo se mostrou capaz de uma multiplicação rápida, constante e até o presente ilimitada de mercadorias e de serviços.Se essa transformação rápida, fundamental e qualitativa não foi uma revolução, então a palavra revolução não tem aplicação prática.

    Embora não dispusesse de um sistema de ensino superior ao francês ou mesmo da Alemanha, e , também a tecnologia inglesa não tivesse nada de incomum, foi a Inglaterra o berço da Revolução Industrial. Eis aqui, de forma resumida, as razões porque a Revolução ocorreu na Inglaterra e, não em outro lugar:

    a) há algum tempo as atividades agrícolas e pastoris da Inglaterra estavam voltadas para o mercado, o que equivalia a poder aumentar a produção e a produtividade do setor agrícola, sem traumas.

    b) A agricultura foi capaz de liberar um número cada vez maior de trabalhadores para operarem as novas máquinas industriais;

    c) Um considerável capital tinha sido direcionado para a infra-estrutura (estradas, portos, embarcações, etc.) que facilitou o desenvolvimento da indústria britânica e o escoamento da produção;

    d) Era necessário uma indústria que pudesse se expandir rapidamente, o que se materializou na indústria têxtil, uma vez que não necessitava de grandes capitais para o início da atividade e, como os lucros eram elevados, o industrial podia expandi-la rapidamente. Além disso, era necessário um mercado capaz de absorver toda essa produção, o que foi possível graças ao domínio que a Inglaterra exercia sobre, praticamente, todas as áreas colônias, direta ou indiretamente.

    e) A indústria têxtil possibilitou lucros astronômicos, e não necessitava de tecnologia sofisticada, melhor ainda, a produção da matéria prima (algodão) era colonial, com mão de obra escrava, o que lhe permitia crescer ilimitadamente, sem prejudicar os interesses ingleses.

    Essas são as razões pelas quais a Inglaterra saiu na frente e de forma revolucionária. A indústria moderna, ainda em 1830, era basicamente a indústria algodoeira, embora a urbanização tivesse criado as condições para o aparecimento de novas indústrias.

    A produtividade aumentou com o progresso tecnológico e o custo da matéria prima declinaram, com a invenção do descaroçador de algodão.

    Como as vendas cresceram vertiginosamente, também cresceram os lucros totais dos industriais, ainda que as margens individuais tenham decrescido.

    Apesar de uma expansão tão grande, e de sua importância no comércio externo britânico (50% das exportações), seu progresso estava longe de ser tranqüilo. Os salários, dos operários industriais caíram no período pós Napoleão. Os industriais, defenderam a importação de produtos agrícolas (trigo) como forma de baratear o custo de vida (e, da mão de obra). Acreditavam (os industriais), que os preços agrícolas, eram mantidos artificialmente elevados, pelos proprietários agrícolas.

    No início da década de 1830 a crise econômica se aprofundou, provocando miséria e descontentamentos. Mesmo a pequena burguesia (industriais e comerciantes de pequeno porte) reclamava da falta de crédito e dos elevados juros praticados pelos banqueiros. Nos anos de crise da década de 30, a pequena burguesia juntou-se a classe trabalhadora para contestar a ordem econômica e para lutar pela democracia.

    É desse período o movimento ludista (cujas manifestações iniciaram-se em 1812) que destruía máquinas, acreditando que elas eram responsáveis pela crise e pelo desemprego em que mergulhara parte da classe trabalhadora.

    Mais, além da crise econômica provocada pela indústria têxtil, a década de 30 marca o início da 2ª fase da Revolução Industrial. Trata-se do desenvolvimento da indústria siderúrgica, impulsionada pelo advento da ferrovia. Hobsbaw afirma que a ferrovia é o invento que mais excitou a imaginação popular, “estações e pontes formando um conjunto de construções que faria as pirâmides do Egito, os aquedutos romanos e, até mesmo a Grande Muralha da China empalidecerem de provincianismo, era o próprio símbolo do triunfo do homem pela tecnologia”.

    Na perspectiva do desenvolvimento econômico era mais importante o imenso apetite que as ferrovias tinham pelo ferro, aço, carvão, maquinaria pesada, mão de obra e investimentos de capital. Os avanços industriais, que pela primeira vez tornou possível a produção em massa do aço, ocorreram a partir da década seguinte.

    Da Revolução Industrial até nossos dias, a capacidade do homem produzir, volumes cada vez maiores, tem mostrado-se ilimitada.

Interpretando o texto

1.O que significa “Revolução Industrial”?

2.Porque a Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra?

3.Como a indústria têxtil conseguiu sobreviver apesar de a libra de tecido cair de 10,11 shelling (1784) para 2,06 (1812)?

4.Como os industriais pretendiam baixar o preço da mão de obra industrial?

5.A ferrovia marca a entrada da Revolução industrial numa nova fase. Qual a importância da ferrovia? Como Hobsbawn a descreve?