Dias passados bastante amplamente te escrevi da minha volta daqueles novos paises, os quais com a armada e com as despesas e mandato deste sereníssimo rei de Portugal procuramos e descobrimos; os quais Novo Mundo chamar é lícito, porque entre os antepassados nossos de nenhum deles se teve conhecimento, e a todos aqueles que isso ouvirem será novíssima coisa, visto que isto a opinião de nossos antepassados excede, uma vez que a maior parte diz que além da linha equinocial para o meio dia não há continente, só o mar, ao qual Atlântico chamaram; e se algum entre eles ali continente afirmou existir e aquelas ser terra habitável, por muitas razões negaram. Mas esta sua opinião ser falsa e à verdade de todos os modos contrária, esta minha última navegação atestou, visto que naquelas regiões meridionais o continente descobri, habitado de mais freqüentes povos e animais do que a nossa Europa (...) e ainda o ar mais temperado e ameno que em outras regiões de nós conhecidas, como mais abaixo saberás. (...)
A fim de que numa palavra todas as coisas brevemente narre, saiba que de 67 dias que navegamos continuamente, 44 tivemos com chuvas, trovões e relâmpagos, em tal modo escuros que nem o sol do dia, nem sereno na noite jamais vimos. Por essa coisa toda em nós entrou um tão grande pavor que quase já toda a esperança de vida tínhamos perdido. Nessas verdadeiramente tão terríveis tempestades do mar e do céu quis o Altíssimo diante de nós mostrar o continente e novos países e um outro incógnito mundo. A essa visão nos alegramos tanto como cabe acontecer àqueles que de múltiplas calamidades e adversa fortuna saem com saúde. O dia exatamente 07 de agosto de 1501 nas costas daqueles países surgimos, agradecendo o nosso senhor Deus com solenes súplicas e celebrando uma missa cantada. Lá aquela terra soubemos não ser uma ilha mas continente, porque em longuíssimas praias estende não circundantes a ela e de infinitos habitantes era repleta. E descobrimos nela muita gente (...) e todo gênero de animais silvestres que nos nossos países não se encontram, e muitos outros por nós nunca vistos (...).
Vespúcio, Américo. Novo Mundo: cartas de viagens e descobertas. Porto Alegre, L&PM, 1984, pp.89-92 (Visão do Paraíso, v. 2).
Interpretando o texto:
1. Américo Vespúcio relata sobre as novas terras descobertas. Pergunta-se:
a . Quais são essas novas terras?
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b. Porque essas terras são chamadas de Novo Mundo?
R. .................................................
c. Como foi a viagem descrita por Vespúcio?
R. ................................................
d. Como foi a chegada ao Novo Mundo?
R. ................................................
e. O que Vespúcio e os tripulantes descobriram no Novo Mundo?
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