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Tecido Nervoso
O tecido nervoso atua com uma estrutura sensível a vários tipos de estímulos que se originam de fora ou do interior do organismo. Ao ser estimulado, esse tecido torna-se capaz de conduzir os impulsos nervosos de maneira rápida e, às vezes, por distâncias relativamente grandes. Trata-se, portanto, de um dos tecidos mais especializados do organismo animal.
Sistema nervoso central (SNC) e periférico (SNP)
No organismo, o tecido nervoso constitui o chamado sistema nervoso, que anatomicamente pode ser dividido em:
sistema nervoso central (SNC) - formado pelo encéfalo e pela medula espinhal;
sistema nervoso periférico (SNP) - formado pelos nervos e gânglios nervosos.
O sistema nervoso é constituído de neurônios (células nervosas) e de uma variedade de células de manutenção, sustentação e nutrição denominadas neuróglias.
a) Os neurônios
Células altamente especializadas, os neurônios são dotados de um corpo celular e numerosos prolongamentos. O corpo celular do neurônio contém um núcleo grande e arredondado e os organóides comuns às células animais. As mitocôndrias são numerosas e o ergastoplasma é bem desenvolvido.
Os prolongamentos do neurônio podem ser de dois tipos:
Dentritos (do grego déndron = árvore) - são ramificações semelhantes a galhos de uma árvore, que se tornam mais finos á medida que se afastam do neurônio. Os dentritos têm a função de captar estímulos;
Axônio (do grego axis = eixo) - é o maior prolongamento da célula nervosa (varia de frações de milímetros até cerca de 1 metro); cada neurônio tem apenas um axônio; com um diâmetro constante, o axônio, em sua parte final, ramifica-se em prolongamentos muito finos, que freqüentemente delimitam pequenas dilatações abrigam microvesículas portadoras de neurormônios, que desempenham papel muito significativo no mecanismo de transmissão do impulso nervoso.
Em toda sua extensão, o axônio é envolvido por células que se dispõem em torno de sua superfície, formando um envoltório espiralado que constitui a chamada bainha de Schwann ou neurilema.
Em muitos axônios, as células de Schwann, enrolando-se em espiral no axônio, determinam a formação de um invólucro membranoso pluriestratificado, formado pelas membranas plasmáticas das próprias células, diversas vezes redobradas e sobrepostas. Este invólucro, de natureza lipídica, é denominada bainha de mielina. Essa bainha atua como isolante elétrico e contribui para o aumento da velocidade de propagação do impulso nervoso ao longo do axônio.
A bainha de mielina, porém, não é contínua. Entre uma célula de Schwann e outra existe uma região de descontinuidade da bainha, o que acarreta a existência de uma constrição (estrangulamento) denominada nódulo de Ranvier.
Existem axônios em que as células de Schwann não formam a bainha de mielina. Por isso, há duas variedades de axônio: os mielínicos e o amielínicos.
b) as fibras nervosas
As fibras nervosas são formadas pelos prolongamentos dos neurônios (dentritos ou axônio) e seus envoltórios. cada fibra nervosa é envolvida por uma camada conjuntiva denominada endoneutro. Assim, em uma fibra mielinizada, temos três bainhas envolvendo o axônio: bainha de mielina (de natureza lipídica), bainha de Schwann e o endoneuro.
As fibras nervosas organizam-se em feixes. Cada feixe, por sua vez, é envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro. Vários feixes agrupados paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido por uma bainha de tecido conjuntivo chamada epineuro.
Os nervos são, em última análise, constituídos por feixes de fibras nervosas. Portanto, os nervos não contêm os corpos celulares dos neurônios; esses corpo celulares localizam-se no sistema nervoso central ou nos gânglios nervosos, que podem ser observados próximos à medula espinhal.
Quando partem do encéfalo, os nervos são chamados de cranianos; quando partem da medula espinhal, denominam-se raquidianos.
Os nervos permitem a comunicação com os órgãos receptores (sensoriais) ou, ainda, com órgãos efetores (músculos e glândulas). De acordo com a direção da transmissão do impulso nervoso, os nervos podem ser:
Sensitivos ou aferentes - quando transmitem os impulsos dos órgão receptores até o sistema nervos central;
Motores ou eferentes - quando transmitem os impulsos nervosos do sistema nervoso central para os órgãos efetores;
Mistos - quando possuem tanto fibras sensitivas quanto fibras motoras. Os nervos mistos são os mais comuns no organismo.
Corte transversal de um nervo |
c) A condução do impulso nervoso
O interior de um neurônio é rico em potássio (K) e pobre em sódio (Na). Entretanto, os fluidos do lado externo da célula são ricos em sódio e pobres em potássio. Considerando as forças de concentração através da membrana celular, verifica-se que os íons potássio estão na posição adequada para a difusão ao lado externo da célula. Em relação aos íons sódio, sucede o contrário, ou seja, esses íons acham-se em posição adequada para a difusão ao interior da célula. O que acontece depende, portanto, da permeabilidade da membrana do neurônio a esses íons.
Quando o neurônio encontra-se em "repouso", o conjunto iônico do lado externo acumula uma positividade maior do que o conjunto iônico situado no lado interno. Diz-se, então, que o neurônio em repouso está polarizado, sendo o lado externo positivo em relação ao lado interno, que é, portanto considerado negativo. A diferença de potencial que se estabelece entre o ambiente interno (negativo) e o ambiente externo (positivo) tem um valor de aproximadamente -60 mV.
Aplicando-se um estímulo adequado, capaz de alterar a permeabilidade da membrana, verifica-se, num primeiro momento, que a permeabilidade da membrana ao sódio aumenta, o que acarreta um fluxo desses íons para o interior do neurônio. A penetração de sódio no neurônio provoca uma modificação no potencial da membrana: o ambiente interno torna-se positivo e o ambiente externo torna-se negativo. Assim, a diferença de potencial passa de -60 mV para cerca de +20 mV. Dizemos, então, que houve uma inversão polaridade da membrana.
Num segundo momento, a membrana torna-se mais permeável ao potássio, que migra para o meio externo, possibilitando o retorno ao potencial primitivo de "repouso". Assim, a membrana torna-se novamente positiva no lado externo e negativa no lado interno.
A inversão de polaridade da membrana, devido à entrada de sódio, determina o surgimento de um potencial de ação que se "alastra" ao longo do neurônio, de forma a gerar um impulso nervoso. À medida que o impulso nervoso se propaga, ocorrem sucessivas inversões de polaridade e sucessivos retornos aos potencial de "repouso". Essas alterações elétricas verificadas ao longo do neurônio constituem o potencial de ação que, por sua vez, é uma manifestação eletroquímica da passagem do impulso.
Após a passagem do impulso, a pequena quantidade de sódio (Na) que entrou no neurônio é "bombeada" de volta para fora, através de transporte ativo; processo semelhante ocorre com o potássio (K) que é "bombeado" para dentro.
d) As sinapses
Sinapses são articulações terminais estabelecidas entre um neurônio e outro ou entre um neurônio e uma fibra muscular ou um neurônio e uma célula glandular. Logo, as sinapses podem ser interneurais (entre um neurônio e outro), neuromusculares (entre um neurônio e uma fibra muscular) ou neuroglandulares (entre um neurônio e uma célula glandular).
Um neurônio não se comunica fisicamente com outro neurônio nem com a fibra muscular ou com a célula glandular, de maneira que, entre eles, não existe continuidade citoplasmática. O que exite é um microespaço, uma região de contigüidade, denominada sinapse, na qual um neurônio transmite o impulso nervoso para outro através da ação de mediadores químicos ou neurormônios. Os neurormônios mais comuns são a acetilcolina e adrenalina. Assim, as fibras nervosas podem ser classificadas, basicamente, em colinérgicas (quando liberam acetilcolina) ou adrenégicas (quando liberam adrenalina).