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O petróleo vai acabar - quais as saídas
Petróleo, Carvão e Gás Natural

Um dia, vai acontecer. Por volta de 1970, os catastrofistas anunciavam o fim das reservas de petróleo para o ano 2000 o que, como todos sabemos, não aconteceu. Na realidade, na última década houve um descuido geral com a economia de combustível (não de parte dos fabricantes - os motores de hoje são muito mais eficientes do que os de uma década atrás). Com a economia acelerada, principalmente nos Estados Unidos, os consumidores passaram a preferir carros maiores, mais potentes e, conseqüentemente, mais gastadores.

 No momento, estão novamente soando as sirenes da escassez de petróleo - se não dela, da carestia do mesmo. E, subitamente, todos querem saber quais as saídas para preservarmos nossa liberdade de ir e vir, vinculada a nossos queridos e insubstituíveis automóveis.

Combustível verde

Para muitos, seria um desperdício jogar fora mais de um século de desenvolvimento dos motores a combustão interna. Para prolongar a era de domínio desse tipo de motores, uma solução é o uso de combustíveis alternativos. O Brasil já teve sua era de combustível verde, os anos do álcool, que se encerraram melancolicamente ante o descaso do governo e a ambição dos usineiros. Usar álcool ou metanol é viável, sem dúvida alguma, seja ele puro ou "batizando" a gasolina.

 

Destilarias (produção de álcool a partir de cana-de-açúcar)

Óleos vegetais

Óleos vegetais

Outra saída é o uso de óleos vegetais em motores de ciclo diesel. Em tese, isso é possível com qualquer motor diesel, exigindo pouca ou nenhuma alteração. Há motores do tipo que são multi-combustível, permitindo o uso de uma variedade de óleos diferentes. E o progresso do desenvolvimento dos motores diesel nos últimos anos, com a adoção do sistema de injeção common rail, os tornou eficientes e menos poluentes.

Ainda há a possibilidade de se usar gás natural (que pode demorar um pouco mais, mas acabará como o petróleo) ou gases produzidos pela reciclagem de matéria orgânica.

O problema de se usar combustíveis de origem agrícola é o desvio de recursos, como terra, irrigação e trabalho, da produção de alimentos para a de combustíveis. Isso, alem de ter implicações econômicas e estratégicas, mexe com sentimentos ideológicos e filosóficos, coisa muito mais complicada. Enfim, combustíveis alternativos são uma saída, mas não a única e, talvez, não a melhor.

 

A cultura de cana-de-açúcar necessita de extensas áreas

Carro elétrico

No início da era do automóvel, o motor elétrico parecia ter um futuro tão promissor quanto o movido a gasolina. Mas o petróleo ficou barato, as baterias não evoluíram e carros elétricos viraram coisa de campo de golfe ou meras curiosidades técnicas.

O motor elétrico é silencioso, não poluente e tem uma outra grande vantagem: eles fornecem torque de forma quase constante, não importando a que rotação trabalhem. Eles também não esquentam muito e podem ser feitos em tamanhos reduzidos. É possível fazer carros, por exemplo, com um motor elétrico dentro de cada roda, economizando espaço e distribuindo melhor peso e tração.

 

Carro elétrico (campo de Golfe)

A busca por baterias mais eficientes continua, alimentada por milhões de dólares das empresas multinacionais. Paralelamente, foram desenvolvidas técnicas que permitem aproveitar melhor a energia ou recuperá-la, quando desperdiçada. A energia perdida nas frenagens, por exemplo, pode ser usada, em parte, para recarregar as baterias. Da mesma forma, quando o carro está numa descida, os motores elétricos podem ser usados como geradores.

 

Ônibus elétrico

Uma solução mista parece ser a tendência do momento para grande parte das fábricas de automóveis. É o chamado carro híbrido, que combina um motor de combustão interna com motores elétricos. Eles existem em duas formas básicas: há aqueles em que o motor elétrico é usado apenas para carregar as baterias e há os que usam o motor elétrico como auxiliar do motor a petróleo.

Nesse segundo grupo, há duas filosofias. Pela primeira, o motor elétrico é conectado à transmissão tradicional e usado de forma permanente. Pela segunda, cada tipo de motor movimenta um par de rodas do carro. Um carro assim, pode ter tração dianteira com propulsão a gasolina e, quando necessário, receber um empurrão extra de um motor elétrico instalado nas rodas traseiras. A sincronia entre os dois motores diferentes é feita por computador.

Célula de combustível

Embora ainda não seja um sistema economicamente viável, a célula de combustível parece ser uma das alternativas mais viáveis para o futuro. Elas são sistemas complexos em que o hidrogênio é combinado ao oxigênio numa reação inversa à da eletrólise, gerando energia elétrica e liberando vapor de água.

 

Célula de combustível

Tudo muito limpo, mas é preciso extrair o hidrogênio de alguma fonte, que pode ser até mesmo a gasolina. Nesse processo sobram moléculas de carbono, portanto, a operação não é de todo limpa.

De qualquer forma, as células de combustível de hoje ainda são grandes, pesadas e muito caras.

Ficando em casa

Pode ser, também, que o desenvolvimento das comunicações acabe reduzindo nossa necessidade de nos locomovermos. Nem todo mundo poderá trabalhar em casa, via modem, mas uma boa parte dos empregados em escritórios. Sendo assim, o uso do automóvel seria redirecionado para fins mais nobres ou, mais especificamente, para nosso merecido lazer.

De qualquer forma, uma coisa parece certa: a indústria automobilística cresceu, nos últimos cem anos, por sua capacidade de se adaptar às circunstâncias e é muito difícil que entre num processo de definhamento por causa dos preços dos combustíveis.

Adaptação do texto de Jorge Meditsch